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Obrigada.
Ser multitarefa, deixar o mais importante para o final do dia, criar muitas prioridades e dormir com o celular ao lado
Se sua meta para este ano é ser mais produtivo,
ou seja trabalhar de forma mais eficiente sem se sobrecarregar muito,
largar alguns hábitos pode te ajudar. Não é somente uma questão de
estabelecer grandes metas, mudar totalmente a forma como você se
organiza.
Pode ser simplesmente uma questão de realizar pequenas
mudanças no seu dia a dia, de abandonar velhos e maus hábitos. O site
Business Insider listou alguns deles. Confira abaixo: 1. Ser multitarefa: Enquanto muitas pessoas acreditam
que são ótimas em fazer duas coisas ao mesmo tempo, pesquisas
científicas descobriram que apenas 2% da população é efetivamente capaz
de ser multitarefa. Para o resto de nós, multitarefa é um mau hábito que
diminui as nossas capacidades de concentração e nos torna menos
produtivos no longo prazo. 2. Checar o email ao longo do dia: acesso constante ao
email pode levar as pessoas a verificarem suas mensagens a todo
momento. Infelizmente, cada vez que você fizer isso, pode perder até 25
minutos do seu trabalho, segundo o Business Insider. Além disso,
verificação constante também pode te deixar mais burro.
O consultor de
estratégia Ron Friedman sugere fechar o Outlook, as abas de email e
desligar o telefone por 30 minutos enquanto está realizando uma tarefa
importante. 3. Licença moral: não importa se é uma nova dieta, uma
nova rotina, um novo horário de trabalho. Uma das maiores dificuldades
de formar um novo hábito é o desejo forte de driblar aquilo de algum
modo.
Exemplo: fazer uma grande refeição após um ano de restrições e
contenções alimentares somente pela ideia de que "eu mereço" — ou seja, a
tal licença moral. Segundo o Business Insider, é essa licença moral que
não permite que muitas pessoas aperfeiçoem os planos que começam.
Em
vez dessa licença, pegue aquilo como um objetivo de sua própria
identididade e o veja como algo normal e não como algo que você precisa
fazer ou trabalhar contra sua própria vontade.
4. Deixar o trabalho mais importante para a última hora do dia. A
maioria das pessoas realmente começa o dia com tarefas simples para
"pegar o ritmo" e deixam o trabalho mais difícil para depois. Essa é uma
má ideia e leva muitas vezes a completarem mal o trabalho ou não
acabá-lo. O Business Insider cita pesquisas que apontam que as pessoas
têm quantidade limitada de força de vontade, que diminui ao longo do
dia. 5. Realizar muitas reuniões: nada destrói mais a
produtividade do que uma reunião desnecessária. E, com a disponibilidade
de muitas ferramentas, como email, mensagens, skype, vídeos, streaming,
é melhor deixar os encontros pessoais para discussões pessoais. Bobby
Harris, fundador da BlueGrace Logistics, empresa de logística, aconselha
que as pessoas não aceitem participar de uma reunião a menos que
recebem especificações claras: quanto tempo irá durar e o que será
exatamente discutido.
E, mesmo após isso, Harris sempre recomenda a
metade do tempo daquele que foi sugerido para aceitar o convite. 6. Ficar sentado durante todo o dia: Nilofer Merchant, consultora de negócios e autora do livro The New How: Creating Business Solutions Through Collaborative Strategy Paperback disse
em palestra do TED que ela ajudou muitas companhias a atingirem o
sucesso após implementar uma nova ideia: walking meetings (algo como
reuniões de pé).
Ela recomendava que os encontros fossem feitos no
caminho de um café fora da empresa ou em um lugar que fosse necessário
andar uma distância maior.
"Você ficaria surpreso ao notar como ar livre
refresca as ideias e como, nesses momentos, as ideias aparecem",
disse. 7. Atrasar o alarme: pode até parecer que ficar
postergando o alarme para acordar nos dá um pouco mais tempo de
descanso, mas não é verdade. O tal "só 10 minutinhos a mais" faz mais
mal do que bem, segundo o Business Insider.
Citando pesquisas, o site
diz que quando você acorda pela primeira vez, o seu sistema endócrino
começa a liberar hormônios que te ajudão a se preparar para o começo do
dia. Ao voltar a dormir, esse processo é interrompido - e, de qualquer
forma, 10 minutos de sono não trazem tantos benefícios quanto
parece. Isso não quer dizer que você deve cortar as horas de sono.
Como
Arianna Huffington discute em sua palestra TED, uma boa noite de sono
tem o poder de aumentar a produtividade, a felicidade, a tomada de
decisão mais intelifente e ajuda a desbloquear ideias maiores. O truque
para dormir o suficiente é planejar com antecedência. 8. Criar prioridades demais: muitas pessoas pensam que
criar vários objetivos e segui-los estritamente é o caminho certo para o
sucesso — já que, se um deles falhar, há ainda vários outros planos.
Infelizmente, isso mais atrapalha, a medida que te deixa pouco
produtivo. O megainvestidor Warren Buffet tem uma anedota para essa
situação.
Ao notar que seu piloto pessoal não estava conseguindo
conquistar os objetivos pessoais, Buffett pediu que ele listasse 25
coisas que gostaria de fazer antes de morrer. Mas, em vez de
aconselhá-lo a estabelecer pequenas tarefas diárias no sentido de
realizar essas 25 coisas, Buffett pediu que ele escolhesse apenas cinco.
As cinco mais importantes — e ignorasse todas as outras. 9. Planejar cada hora do dia: muitas pessoas
ambiciosas ou organizadas tentar maximizar sua produtividade ao planejar
meticulosamente cada hora de seus dias. Infelizmente, há coisas fora do
nosso controle, que não podem ser previstas de antemão.
É a criança
doente ou um compromisso inesperado — suficientes para acabar com o
planejamento do dia.
A dica é, em vez de detalhar cada hora, planeje
quatro ou cinco horas e adapte o restante do dia ao que for ocorrendo. 10. Manter seu telefone ao lado da sua cama: você vai
dormir e não consegue desligar. Deixa não somente o celular, como
tablets e notebooks — tudo perto da sua cama. Não é algo saudável.
Estudos citados pelo Business Insider mostram que deitar e ficar em
contato direto com a luz do celular é algo que prejudica a visão e ainda
diminui a produção de melatonina, hormônio que ajuda a regular o ciclo
do sono.
Pessoas com menos melatonina também ficam mais vulneráveis a
ter depressão.
O
psicólogo Daniel Goleman diz que precisamos administrar nossa atenção
para melhorar nosso desempenho profissional -- e também de empresas
POR MARCELA BOURROUL
Toda vez que vem ao Brasil, Daniel Goleman diz que o país parece estar envolvido em algum tipo de crise.
A cada desembarque, a palavra está na pauta do dia. Brincadeiras à
parte, ele usou essa impressão para chamar atenção do público no HSM Expomanagement nesta segunda-feira (9/11) sobre seu atual campo de estudo: foco. O autor do best-seller Inteligência Emocional afirma que o estresse é o inimigo do foco.
Por estresse, entenda-se tensões no ambiente corporativo e uma
quantidade enorme de informações que nos bombardeiam diariamente. E vale
dizer: estamos perdendo dinheiro por falta de foco.
“Precisamos ser administradores da nossa atenção, não vítimas da nossa inatenção”, diz Goleman.
O autor explica que há dois tipos de distração. Quando você está
tentando trabalhar em um café e há vozes ao redor das quais você precisa
se desligar, eis o tipo fácil de distração. O tipo difícil é a
distração emocional.
Há uma parte do cérebro responsável por identificar
ameaças. Ela nos ajudou a sobreviver e chegar até aqui, mas é um
problema nas organizações. A questão é que essa parte do cérebro
responde tanto a ameaças físicas quanto abstratas.
Se seu colega recebe uma promoção ou se você é um chefe tentando
sobreviver a uma crise, essa parte emocional “sequestra” o cérebro e,
portanto, o foco. Isso acaba com a nossa habilidade de pensar com
clareza, aprender e se adaptar.
Além disso, quando estamos nesse “modo
ameaçado”, a tendência é tomar decisões mais automáticas e agressivas.
Goleman justifica a atitude de Mike Tyson ao arrancar as orelhas durante
a luta com Holyfield como uma situação de "sequestro emocional".
A inteligência emocional, afirma o psicólogo, é o que costuma
diferenciar os líderes das empresas. Além de entender como uma decisão
tomada hoje vai afetar a empresa amanhã, ele precisa gerenciar os
funcionários para colocar uma estratégia em prática. “A maior tarefa do
líder é dirigir a atenção para onde ela precisa ir”, afirma. Para isso, o
líder precisa trabalhar três tipos de foco: em si mesmo, nas pessoas
com quem trabalha e no sistema que determina se a empresa terá sucesso.
Ferramentas
Para os líderes, eis a dica: a neurociência já mostrou que o cérebro é
capaz de sentir a atitude da outra pessoa. Esse canal é extremamente
importante na hora de criar um ambiente de alto desempenho.
O líder é aquela pessoa na qual todo mundo presta atenção. Um estudo da
Universidade de Yale mostrou que se o líder estava de mau humor, as
pessoas entravam na “vibe” e tinha um desempenho pior. Quando ele estava
de bom humor, a influência era positiva. “Essa é a conversa silenciosa,
que faz muita diferença no desempenho. Os líderes precisam prestar
atenção ao seu estado emocional”.
Outra dica: se alguém for conversar com você, esqueça o celular, o
email que está entrando na caixa ou a televisão. Preste atenção no seu
interlocutor e somente nele.
Para treinar a concentração, Goleman sugere o uso da técnica de
mindfulness. Ela consiste em sentar-se em uma posição confortável e
prestar atenção na respiração, enquanto você inspira e expira.
Sempre
que sua mente tenta divagar, você deve trazer a atenção de volta para a
respiração. Quanto mais você treina, mais fácil fica. É como se fosse
uma musculação do foco.
Os alvos que ninguém vê
Ao final da palestra, Goleman falou sobre os objetivos que ninguém é
capaz de enxergar. Ele cita a história de Kobun Chino, o guia espiritual
de Steve Jobs, um excelente arqueiro. Ao se apresentar para um grupo na
Califórnia, ele faz a flecha passar longe do alvo -- ultrapassando a
cerca e despencando no Oceano Pacífico.
O público se espanta, mas ele
grita como se tivesse atingido o alvo. E atingiu, mas não o alvo que
todos estavam olhando.
O psicólogo faz o paralelo dos ensinamentos de Chino com a liderança de
Jobs: ele foi capaz de criar um mercado para produtos que ninguém via,
como o iPad. E isso foi essencial para o futuro da Apple. O mesmo
acontece agora com o Google, que criou a empresa Alphabet e mostra
claramente que o site de buscas é um produto de sucesso, mas que não
será o único motor de crescimento da companhia.
Marcio
Fernandes, CEO da Elektro, lança um livro sobre a filosofia de gestão
baseada em felicidade que implantou na distribuidora de energia -- e que
o transformou em uma espécie de embaixador do tema no mundo corporativo
O desafio de Marcio Fernandes, o CEO da distribuidora de energia Elektro,
não é apenas entregar bons resultados aos acionistas da companhia. É
também colocar em prática uma “filosofia” de gestão com um idealismo
incomum no mundo corporativo. Aos 40 anos, ele dissemina, dentro e fora
da empresa, o conceito de felicidade no trabalho como forma de melhorar a rentabilidade dos negócios.
Há quatro anos, quando assumiu a presidência da Elektro, implementou um
sistema de meritocracia no qual cada funcionário é responsável pelo
próprio treinamento e desempenho e em que o diálogo franco é fortemente
estimulado em todos os níveis hierárquicos.
Neste mês, ele lança o livro
"Felicidade dá Lucro" (Companhia das Letras), no qual descreve
seu estilo e ferramentas de gestão, além de histórias de vida e
reflexões que o levaram a construir o conceito.
Filho de um operário metalúrgico e de uma cabeleireira, Marcio começou a
trabalhar aos 12 anos, como auxiliar de mecânico. Foi empacotador e
vendedor das Lojas Pernambucanas e, com o próprio dinheiro, cursou
Administração de Empresas. Em 2004, ingressou na Elektro, que tem sede
em Campinas, no interior de São Paulo, cidade em que ele nasceu.
Desde então, Fernandes viu a satisfação da equipe crescer de 69% para
99%. Hoje, faz palestras para empresas pelo Brasil para disseminar sua
filosofia (ele evita chamar de “modelo de gestão”). “É um resgate de
valores que adoraria ver se solidificar na sociedade como um todo”,
afirma.
A seguir, ele explica os pilares de sua filosofia e como ela tem impactado os negócios.
O que vem primeiro: a felicidade ou o lucro?
Sempre a felicidade. Tem gente que só tem dinheiro. E tem gente que não
tem dinheiro, mas é feliz. A proposta do meu trabalho é ter felicidade e
lucro. Essa combinação traz equilíbrio para uma pessoa estar bem com
quem é e o que faz.
Então, ela tem uma tranquilidade maior para
conquistar resultados melhores – seja no seu negócio, seja na sua vida
pessoal. Por isso, fazemos uma campanha muito grande para que os
colaboradores consigam encontrar um propósito para seu trabalho. Quando
isso acontece, tentamos convergir o propósito da empresa com o da
pessoa.
Normalmente, a missão, a visão e os valores da companhia estão
escritos na parede, e alguém diz: “Cumpra”. Não há, em geral, intenção
de convergência com os objetivos pessoais de cada um. Por esse caminho,
pode ser que dê certo e pode ser que não. Quando se tem a unidade entre a
missão, a visão e os valores de cada profissional e os da companhia, as
pessoas trabalham de forma mais sólida em direção ao que sonham, se
dedicam com mais profundidade. E a empresa se beneficia, claro, porque o
profissional não estará ali só de corpo presente.
Pode dar um exemplo prático dessa convergência entre os propósitos de alguém e o da empresa?
Há muitos exemplos. Um deles é o de uma pessoa que estudou em uma ótima
faculdade de engenharia, mas tinha o sonho de trabalhar na área de
recursos humanos. Em uma empresa convencional, ela não deveria falar
sobre isso abertamente.
Porque, se o fizesse, seria vista como alguém
insatisfeita com o trabalho e, portanto, como forte candidata a sair da
companhia. Na filosofia de gestão que implantei, ela deve falar sobre
isso. Existe um diálogo franco, aberto, transparente. Todos sabem que a
pessoa tem esse desejo. Incentivamos que ela não só conte, como
documente essa vontade em um plano de desenvolvimento. Assim, ela tem a
possibilidade de se preparar para aquilo. Pode se candidatar para uma
vaga que abrir, com o gestor dela sabendo disso. E a certeza de que não
será prejudicada por essa clareza.
A empresa oferece algum suporte, como treinamento, para as
pessoas se prepararem para mudar de área ou fazer uma transição de
carreira dentro da companhia?
Nós oferecemos a oportunidade de ela trabalhar naquilo que sonha. Mas o
modelo de desenvolvimento, cada um cria o seu. Ele é bancado pela
própria pessoa. A capacitação será um esforço dela. Isso faz com que,
quando chegar onde almeja, ela trabalhe com tanto amor e tanto carinho
que a empresa se beneficie também dos resultados.
Esse modelo faz mais
sentido para nós, já que não precisamos fazer treinamento para todo
mundo para funções que mal sabemos se são necessárias.
Essa mentalidade exige um comportamento empreendedor das
pessoas. Mas nem todo profissional tem esse perfil. Como lidar com os
diferentes tipos de pessoas?
Aqui ninguém precisa ser guiado se não quiser. Há, de fato, aquelas que
querem continuar no modelo tradicional, pessoas que não querem
construir uma carreira astronômica ou que querem ser o mesmo analista
pleno a vida inteira. Nosso único pedido é que todos sejam honestos
conosco.
Se está bom para alguém ficar onde está, pode continuar, sem
problemas. Mas nossa experiência mostra que mais de 90% das pessoas
adoram ser protagonistas da própria vida ou da sociedade. Ao terem a
oportunidade, muitas percebem que isso é legal. E mesmo esses 10% que se
satisfazem com a forma como vivem, sempre têm vontade de algo mais.
Ainda não conheci pessoas que não têm nenhum sonho, quando questionadas
sobre isso em um diálogo franco.
Fala-se muito sobre felicidade no trabalho. A expectativa de
ser feliz se tornou mais uma exigência, até uma pressão, do mundo
corporativo?
É fácil fazer essa interpretação porque quase tudo o que foi feito na
área da administração moderna teve segundas intenções. Por exemplo,
muita gente fala de sustentabilidade como algo legal, mas, em muitos
casos, não pratica o conceito. Fala do tema só com a intenção de gerar
imagem e lucro.
O trabalho que temos feito também tem a intenção de
gerar lucro – mas desde que seja de verdade. Isto é, não podemos ter uma
plataforma que não seja sustentável. Não posso criar um sistema
transitório, que funciona um dia, e no outro não funciona mais. Queremos
criar uma plataforma coerente.
A opção de ser feliz não é da empresa. É
de cada um. Mas o objetivo é que as pessoas estejam inseridas em uma
plataforma coerente, que oferece chances reais para aqueles que se
esforçam de maneira real.
Trabalhamos para criar meios para que as
pessoas sejam felizes. Sabemos que, por meio dessa prosperidade, a
empresa também prospera. Em vez de criar uma máquina e usar para gerar
resultados incríveis, temos que trabalhar no software. Isso significa
que o que os profissionais aceitavam antes, hoje não aceitam mais. É
preciso modernizar a maneira de lidar com as pessoas.
Que mudanças são essas?
Começam pelo básico, que é dar tempo para as pessoas terem vida fora da
empresa. Felicidade não é ser permissivo. Nós não oferecemos
presentinhos, dinheiro fácil, não somos bonzinhos. Somos justos.
As
pessoas têm uma predileção natural por justiça. Quando você trata alguém
com transparência e verdade, a resposta que recebe é compromisso. O que
propomos é uma filosofia bastante vantajosa para todos. Não gosto
quando dizem que a sociedade brasileira tem baixa produtividade. Essa
filosofia de gestão pretende mudar isso. Passamos a vida ouvindo sobre a
revolução industrial. Mas e a revolução das pessoas?
Qual foi o ponto de partida para você desenvolver essas ideias?
As frustrações que tive ao longo da vida. Sempre quis ter um gestor que
conversasse abertamente comigo, que se intereressasse genuinamente por
mim. Em 2006, quando estava em uma viagem de trabalho comecei a pensar
sobre esses conceitos. Quando viajo, tenho uma saudade tão grande da
minha família, que fico mais reflexivo e intelectual, pensando sobre a
vida com uma profundidade que, no dia a dia, não é comum para mim. A
partir dali, comecei a falar sobre o tema com outras pessoas, que foram
me ajudando a criar uma prática.
Estamos tentando fazer todas as
mudanças que sonhávamos. Isso inclui encontrar um gerente e poder
conversar abertamente com ele. Contar com o diretor e com o presidente
da empresa de fato. Estamos tentando mostrar que a diferença entre o
colaboraodr e o CEO da empresa é o tempo que deu a possibilidade de ele
conquistar aquela posição.
Passaram-se nove anos desde que você começou a elaborar essa filosofia. Quanto tempo leva para mudar a mentalidade das pessoas?
Dizem que a cultura de uma empresa demora dez anos para ser mudada. Na
minha opinião, pode até demorar esse período determinado, mas só se for
de algo ruim para algo pior. Para algo melhor, demora o tempo que dura a
dúvida. Isto é, o tempo durante o qual as pessoas pensam: “Onde eu vou
perder?”, “O que ele quer com isso?”.
Em um primeiro momento, a
tendência é desconfiar de que haja um objetivo oculto. Depois que passa
esse momento, as pessoas mergulham de cabeça porque faz sentido.
O que você fez para convencer os acionistas de que uma
filosofia de gestão baseada em equilíbrio e felicidade era algo no qual
se deveriam investir?
Se eu disser para o acionista "vamos transformar essa empresa em um
lugar feliz porque isso é legal", ele não vai se interessar. Mas quando
eu falo que se as pessoas estiverem felizes aqui dentro, serão mais
produtivas e a lucratividade vai aumentar, é outra história. Os
acionistas são o reflexo da sociedade.
Se você aplica seu dinheiro em um
banco, e outro banco oferecer uma rentabilidade melhor, você não vai
querer trocar de banco?
Esse estilo de gestão muda a maneira como a empresa é vista pelos clientes?
O nosso objetivo é que o cliente perceba que a atenção dada a ele ocupa
100% do tempo.
Porque não há mais aqueles momentos chateados, que as
pessoas têm quando não estão felizes com o que fazem.
Você, como alguns outros executivos e empresários, chama as
pessoas que trabalham na empresa de colaboradores (em vez de
funcionários) e trocou o nome de algumas funções. Os comumente chamados
de atendentes de telemarketing são os agentes de relacionamento, por
exemplo. Essa mudança pode ser interpretada como um preconceito com o
significado literal das funções que as pessoas têm? Afinal, o que há de
errado em ser um funcionário ou um atendente de marketing?
A lógica é simples. Quem funciona é máquina. Colaborador pode fazer
algo mais do que funcionar, desde que ele queira. A perda é grande para a
empresa que ainda não acordou para esse modus operandi. Já o
agente de relacionamento também não faz a função exata de um atendente.
Ele se dedica a entender os problemas e a trazer soluções para o cliente
e trabalha exclusivamente para a empresa. Nós não automatizamos a vida
de ninguém. As pessoas precisam ser proativas para ajudar a melhorar o
processo – e não só para criar lucro.
Muitos CEOs relatam a sensação de solidão como um efeito
colateral da posição, já que, no fim das contas, são eles os
responsáveis pelo resultado da companhia. Você sente essa solidão?
Não. Nós ainda vemos no mercado CEOs que têm um elevador só para eles,
um andar exclusivo, e que depois reclamam da solidão. Aquele que reclama
da solidão é quem não se aproxima, que não tem interesse genuíno e está
artificialmente próximo das pessoas. O executivo precisa ter um pouco
de humildade para ceder seu tempo, que é escasso, e seguir o ritmo das
pessoas.
Eu estou longe da solidão. Mas para isso, tenho que ter
disponibilidade para ser parado no corredor pelo estagiário que tem uma
dúvida. É quase como optar por não ser líder em tempo integral. É
aceitar que a liderança é situacional. Quando chego a uma obra, aceito
ser liderado por um eletricista. Sigo cegamente a liderança dele porque é
ele a referência naquele ambiente.
Ele é quem vai garantir minha
segurança. Participo ativamente dos fóruns com toda a equipe, da
diretoria a estagiários e eletricistas. Isso tudo faz com que eu me
sinta próximo das pessoas.
Uma queixa comum de altos executivos e empresários é a
dificuldade de saberem exatamente o que está acontecendo nas camadas
mais baixas, já que as pessoas evitam dar notícias ruins a eles.
Eu converso com as pessoas abertamente, inclusive no campo de trabalho
delas, então sei o que está acontecendo. Acho lamentável um chefe ter
que se disfarçar de funcionário, como fazem em alguns casos, para ter a
experiência do dia a dia e ficar sabendo dos problemas.
Eu adoro ser
participativo. Gosto de estar com as pessoas, de ouvir pontos de vista
independentemente do nível hierárquico de cada um.
Essa proximidade não atrapalha na hora de ser firme e cobrar a equipe?
A minha meta não é ser padrinho de batismo do filho de ninguém, mas
também não é ser o primeiro a ir para a grelha no churrasco da equipe.
Quero ser justo – e não justiceiro. Isso, sim, é crível e inspira
confiança. É o que me interessa.
Como medir os resultados dessa mudança de gestão?
Faço uma correlação direta da filosofia de gestão com a satisfação dos colaboradores na pesquisa interna de clima e no prêmio Great Place to Work
(GPTW). Passamos dez anos fazendo essa pesquisa e tendo o resultado de
69% de satisfação. Sofríamos para conseguir uma quantidade razoável de
respostas.
Quando mudamos a gestão, passamos para mais de 90% de
satisfação em uma paulada só. Ou seja, existia um passivo que estava
guardado em algum lugar e a gente acessou. Hoje, a pesquisa de clima que
fazemos indica 99% de satisfação. Isso mostra que estimular as pessoas a
voltarem a acreditar nelas mesmas vale a pena.
É quase que um resgate
de valores que adoraríamos ver de forma maciça se solidificar na
sociedade. É um círculo virtuoso. Talvez para ter mais lucro, só
precisemos ser um pouquinho mais satisfeitos e felizes.
Conheça o método do ator americano Jerry Seinfeld para a produtividade
Por Bárbara Nór
Já faz alguns anos que este método é conhecido, mas não custa
lembrar: o americano Brad Isaac conheceu o ator e escritor americano
Jerry Seinfeld quando a série Seinfeld ainda era estreante. Aproveitando
a oportunidade, ele perguntou se ele teria algum conselho para
comediantes iniciantes.
Em resposta, Seinfeld disse que a melhor maneira
de evoluir como autor e criar piadas melhores era escrever todos os
dias. Mas se motivar para escrever – ou qualquer outra atividade - todos
os dias pode ser algo bem difícil. Mas é aí que entra o truque de
Seinfeld.
Jerry Seinfeld em 1996, na festa do Emmy
Para
se motivar, seja qual for sua meta, o segredo é se comprometer com o
mínimo a cada dia. Funciona assim: você imprime um calendário do ano
todo em uma página só e pendura na parede.
Em seguida, você separa um
marcador vermelho. A cada dia em que você fizer algo relacionado ao seu
objetivo – no caso de Seinfeld, escrever uma linha ou duas que fossem –
você marca com um xis.
Querer fazer coisa demais a cada dia não ajuda
porque ficaremos paralisados pela pressão, mas não fazer algo todos os
dias torna complicado cumprir alguma meta.
No dia em que não fizer nada,
você deixa em branco, mas o objetivo é claro: fazer uma corrente de
dias marcados em vermelho.
À
medida em que você for fazendo o mínimo possível somente para marcar em
vermelho, umhábito estará sendo criado.
Fazer as coisas aos poucos, mas
de forma consistente, é mais produtivo a longo prazo do que somente ter
alguns dias esparsos de super produtividade e outros tantos dias sem
ter feito nada.
E, caso quebre a corrente de xis vermelhos por muito
tempo, você verá que algo está errado – pode ser seu compromisso com o
objetivo ou até mesmo o fato de você, no fundo, ter mudado de ideia. Aí é
hora de rever as metas e começar de novo.
Em muitos casos, a prática é mais uma opção oferecida pelos programas de bem-estar das empresas.
Matéria publicada na edição de setembro de Época NEGÓCIOS.
Acontece sempre ao meio-dia. Na sala com iluminação reduzida, o grupo
se reúne. Aos poucos, cada um se acomoda em uma posição confortável,
entre almofadas. Todos fecham os olhos e se concentram nas próprias
respirações.
Por vezes, eles mentalizam a praia preferida e pensam que
tocam a água gelada. Em outras, ficam em silêncio, prestando atenção a
seus pensamentos. Menos de meia hora depois, a turma abre os olhos e se
levanta. Pronto. Todos estão renovados para encarar o resto do dia de
trabalho – que, aliás, os aguarda do outro lado da porta.
É assim que funciona o grupo de meditação do Google. De segunda a
sexta, antes do almoço, até 15 funcionários do site de buscas se isolam
por 20 minutos em uma sala, que lembra uma choupana, na sede da empresa,
em São Paulo.
Nesse período, essa pequena turma se dedica a exercícios
que buscam acalmar a mente e aumentar o foco. Quem participa dessas
sessões garante que, após as pequenas pausas, tem um dia mais produtivo e
menos estressante.
Hoje, a esse tipo de atividade dá-se o nome de mindfulness. A expressão
foi traduzida no Brasil como “atenção plena”. Ela tem origem na
meditação budista. No mindfulness, contudo, ela é dissociada do cunho
espiritual ou religioso geralmente vinculado à prática.
A técnica
despertou o interesse de acadêmicos nos Estados Unidos durante os anos
70. Começou a ter seus efeitos pesquisados por Jon Kabat-Zinn, da
Universidade de Massachusetts, e Ellen Langer, de Harvard. Kabat-Zinn
criou um programa de redução de estresse baseado na meditação
mindfulness e fez pesquisas na área da saúde, estudando sua utilização
em pacientes com câncer e doenças crônicas.
Já Ellen abordou o conceito
como o ato de prestar atenção ativamente e o desvinculou da meditação.
Nos últimos dez anos, o mindfulness vem avançando sobre o ambiente
corporativo. Hoje, a seguradora Aetna, o LinkedIn, a gestora de fundos
BlackRock e o banco Goldman Sachs estão entre as companhias que aderiram
a esses exercícios nos Estados Unidos. No Brasil, o método ainda é
pouco conhecido.
O Google é uma das poucas empresas a adotá-lo, ainda
assim por influência da sede americana.
Efeito na produtividade
E o que justifica o interesse crescente pela técnica? Em muitos casos, a
prática de mindfulness é mais uma opção oferecida pelos programas de
bem-estar das empresas – assim como aulas de ioga ou descontos em
academias de ginástica. Alguns adeptos, no entanto, enxergam benefícios
também para as companhias. Um deles é a possibilidade de aumentar a
produtividade.
Um estudo de Harvard, publicado em 2010, mostra que, de todo o tempo
que permanecemos acordados, quase a metade dele (47%) é gasto com a
mente no “mundo da Lua”. Ficamos dispersos. Isso, ao longo de um dia,
não só prejudica o trabalho, mas pode nos deixar infelizes.
“Geralmente,
a nossa mente fica presa remoendo o passado ou se volta para um futuro
distante”, diz o psicólogo Armando Ribeiro, que tem especialização em
mindfulness. É esse comportamento que a técnica pretende combater.
Com
as breves pausas, os praticantes supostamente desenvolvem a capacidade
de prestar mais atenção ao momento presente – o bom e velho “aqui e
agora”. Daí, o eventual ganho de produtividade.
O Google é uma das empresas mais engajadas não só em oferecer a
meditação mindfulness para os funcionários como também em difundir o
tema por outras companhias. Quem começou a pesquisar o assunto na
empresa foi o engenheiro Chade-Meng Tan, um dos primeiros funcionários
do gigante de buscas.
Por interesse pessoal, Meng passava parte do seu
tempo lendo estudos sobre o comportamento humano. Além de mindfulness,
investigou teses sobre inteligência emocional e neurociência. Até que,
em 2007, criou um programa que mistura aspectos das diferentes áreas de
pesquisa. O pacote foi batizado de Search Inside Yourself (SIY).
O programa do SIY consiste em dois dias inteiros de palestras e
orientações sobre técnicas para a busca desse estado de atenção plena.
Depois de testar e aprimorar o modelo no Google, Meng uniu-se ao
empresário Marc Lesser e a Philippe Goldin, professor de psicologia de
Stanford. Em 2012, o trio fundou o Instituto SIY. Desde então, a técnica
criada pelo engenheiro tem se difundido pelas filiais da empresa ao
redor do mundo e por outras companhias.
Meng não é o único propagador do assunto no mundo corporativo. Uma das
principais precursoras da técnica é a americana Janice Marturano,
criadora do instituto Mindful Leadership. Ela trabalhou durante 15 anos
na General Mills, dona de marcas como Häagen-Dazs e Yoki. Depois de
incorporar a técnica de mindfulness em sua vida, passou a treinar
colegas de trabalho e executivos de outras empresas, como a Procter
& Gamble. Em 2012, quando resolveu se dedicar ao instituto, 1,4 mil
profissionais já haviam recebido suas lições. Dividir os problemas em partes
No Brasil, o termo mindfulness ainda é pouco conhecido. Um dos adeptos
do grupo do Google no país é o engenheiro Tomás Nora. Até dois anos
atrás, ele se considerava extremamente estressado. “Não vivia o momento
presente”, afirma. Praticar meditação era uma opção que não fazia parte
de seu repertório.
Só prestou atenção no assunto depois de passar por
uma cirurgia em decorrência de uma inflamação intestinal crônica.
“Percebi que se eu não parasse intencionalmente, meu corpo pararia por
mim.” Por indicação da esposa, leu estudos científicos sobre mindfulness
e resolveu fazer um teste. Hoje, a prática faz parte de sua rotina e
ele sente os benefícios no desempenho profissional.
“A meditação ajuda a
dividir os grandes problemas em pequenas partes”, diz. “No fundo, é o
que os engenheiros já fazem.”
Além do mindfulness, há diversas práticas similares chegando às
empresas. Uma delas é a meditação transcendental. A diferença entre
ambas está em detalhes: para se concentrar, em vez de focar na
respiração, por exemplo, o praticante da segunda mentaliza repetidas
vezes uma determinada palavra – um mantra.
Para alguns, o mindfulness é apenas uma solução “fast-food” contra o estresse
Essa foi a técnica que chamou a atenção de Nestor Sequeiros, presidente
no Brasil da multinacional Mead Johnson Nutrition, que fabrica produtos
como Sustagen. Ele conheceu os exercícios meditativos quando trabalhou
na Ásia.
Acompanhou a experiência de uma fábrica da empresa na Índia,
que oferecia meditação diária aos 250 operários. Para complementar o
programa, havia aulas de ioga duas vezes por semana. Depois da
implantação das técnicas, durante dois anos, não houve nenhuma falta
entre os funcionários e a produtividade aumentou em 15%.
Desde 2012, ele começou uma experiência no Brasil. Hoje, paga aos
funcionários interessados 80% do curso de meditação transcendental.
Dentro do escritório, é rotina diminuir as luzes duas vezes por dia,
durante 20 minutos. A ambientação é um convite para quem quiser fazer
sua pausa em silêncio. Os benefícios descritos pelos participantes vão
desde dormir melhor até uma gestão mais eficiente do tempo no trabalho.
Em abril deste ano, outra companhia, a brasileira Mercur, fabricante de
produtos tão variados quanto pisos e bolsas de água quente, passou a
oferecer meditação para os funcionários. Os interessados reúnem-se por
15 minutos uma vez por semana.
Também passaram a praticar meditação
antes de algumas reuniões, como as de planejamento estratégico. Segundo
Luiz Neumann, coordenador de processos de produção da Mercur, a
iniciativa partiu dos funcionários. Eles entenderam que isso poderia
melhorar o relacionamento entre as pessoas na empresa. Ainda é cedo,
porém, para saber os resultados. Não é para todos
É claro que nem todo mundo quer passar 15 minutos entre exercícios de
meditação. Para muitos, esse tipo de atividade soa como perda de tempo e
a empresa é um ambiente inapropriado para praticá-la. “Tem limitações.
Algumas pessoas vão achar isso chato ou cansativo”, afirma Tiago Tatton,
psicólogo com especialização em mindfulness.
Em tom de brincadeira, a imprensa americana popularizou o termo
McMindfulness, comparando a onda da “atenção plena” a uma solução
fast-food contra o estresse. Em um artigo recente da Harvard Business
Review, o psiquiatra David Brendel afirmou que uma de suas clientes
passava tanto tempo meditando (e aceitando a vida como ela era) que não
foi capaz de lidar com funcionários que não entregavam resultados. “A
meditação deve ser usada para reforçar, e não deslocar o pensamento
racional e analítico das pessoas sobre suas carreiras e vidas”,
escreveu.
A questão que fica é: afinal, funciona ou não? Para muitos, sim. Steve
Jobs, por exemplo, meditava. Ao seu biógrafo, Walter Isaacson, ele disse
que o exercício de ouvir os próprios pensamentos e tentar acalmar a
mente aflorava a intuição, permitia enxergar as “coisas” (leia-se tudo)
com mais clareza. Ou seja, com base no que ele produziu, mal não deve
fazer. Vai ver que, por isso mesmo, essa onda de “meditação corporativa”
só faz crescer.
É
possível usar música, exercícios físicos e até óculos escuros para
ativar memórias ou estabelecer um sistema que faça seu cérebro e vocês
mais felizes
O que fará com que você seja feliz? O conceito de felicidade pode variar, mas para a neurociência, a pergunta é: o que fará seu cérebro ser feliz? Em um artigo para a Time,
o jornalista Eric Barker conversou com Alex Korb, pesquisador com
pós-doutorado em neurociência na Universidade da Califórnia e autor do
livro “The Upward Spiral”. Korb cita cinco hábitos que poderiam fazer
seu cérebro – e, consequentemente, você – feliz.
1.Ouça músicas da época mais feliz de sua vida
A música afeta o seu cérebro de uma forma interessante: é capaz de
ativar memórias de lugares e situações em que você ouviu aquela canção.
Se você foi muito feliz na infância ou na faculdade, basta ouvir a
música que você mais gostava naquele período para ser transportado
imediatamente para esse “lugar feliz” – afetando seu humor.
“A música
tem a habilidade de nos lembrar de ambientes nos quais ouvimos essa
canção. Isso é feito por uma estrutura límbica chamada hipocampo, que é
muito importante para o contexto da memória dependente”. Trocando em
miúdos: ao ouvir uma canção, você se sente conectado ao momento em que
era mais feliz e essa memória se torna mais presente em sua vida.
2. Sorria – e use óculos escuros
O cérebro nem sempre é tão “esperto” quanto parece: ao ser bombardeado
por informações vindas de fontes diferentes, ele não se sente tão seguro
e procura por “pistas”. Esse processo é chamado de “biofeedback”.
“Trata-se da ideia de que seu cérebro está sempre ‘sentindo’ o que está
acontecendo com seu corpo e revisando a informação para decidir como se
sente em relação ao mundo”, diz Alex Korb.
“Quando você se sente feliz,
você sorri. Mas também funciona de outro jeito: quando você sorri, seu
cérebro pode detectar isso e entender ‘Estou sorrindo. Isso quer dizer
que estou feliz’”. Portanto, se estiver num daqueles dias difíceis,
lembre-se: sorria, pois isso vai produzir felicidade. Pesquisas mostram
que sorrir dá ao cérebro a mesma sensação de prazer que 2 mil barras de
chocolate.
E essa história de óculos escuros? Em dias ensolarados, quando você
está na rua, a tendência é franzir os olhos. O cérebro pode interpretar
esse ato como “preocupação”. Ao usar óculos escuros, você ajudará seu
cérebro a pensar que “está tudo bem”. “É uma maneira fácil e simples de
interromper o processo do feedback. Então sorria. E use óculos escuros –
eles vão fazer com que você pareça ‘cool’ e vão te fazer mais feliz”,
diz o pesquisador Alex Korb.
3. Pensar sobre objetivos muda a forma como você vê o mundo
Quando você está estressado ou vive um momento difícil, pense sobre
seus objetivos de longo prazo. Isso dará a seu cérebro a sensação de que
está no “controle” e, portanto, vai liberar uma substância chamada
dopamina, que fará você se sentir melhor e mais motivado.
“Às vezes,
quando temos a impressão de que tudo está dando errado, não é preciso
mudar o mundo, basta mudar a forma como você percebe as coisas a seu
redor para gerar um efeito positivo. Ao pensar ‘o que estou tentando
alcançar com esta meta de longo prazo?’ Ao estabelecer essa linha de
pensamento, fazer sua tarefa se torna recompensante, pois o cérebro
entende que está trabalhando para chegar lá”, afirma Korb. “O cérebro
percebe que o esforço é para atingir esse objetivo maior”.
4. Tenha uma boa noite de sono
Estresse, ansiedade e depressão são capazes de afetar o padrão de sono.
Da mesma forma, “dormir mal” também causa depressão. Portanto, é
importante garantir uma boa noite de sono. A neurociência tem várias
dicas para isso: no meio do dia, saia do ambiente do escritório e vá
para a rua ou para um parque a fim de se expor à luz do dia; da mesma
forma, à noite, escolha um ambiente escuro e confortável.
Estabelecer um
“ritual” para o sono também ajuda o cérebro a se preparar para o
repouso e o dia seguinte. Por isso, é bom evitar computadores e
aparelhos de TV logo antes de dormir. Mais? Anotar em um caderno o que
aconteceu de bom no dia ou coisas pelas quais você é grato em sua vida.
5. Como a neurociência pode vencer a procrastinação
Há três regiões no cérebro com as quais é preciso se preocupar: o
córtex pré-frontal (que pensa em objetivos de longo prazo), o estriado
dorsal (que considera coisas feitas no passado) e o núcleo accumbens
(que nos leva a escolher as coisas mais divertidas, em vez de
trabalhar).
Portanto, quando você se esforça, o córtex pré-frontal se
sobrepõe aos outros dois. Ao repetir o processo, você consegue
estabelecer um padrão e construir bons hábitos. O que pode atrapalhar o
processo? Estresse. “O estresse enfraquece o córtex pré-frontal”, diz
Alex Korb.
“Essa parte do seu cérebro não possui recursos ilimitados, então não
consegue ficar em alerta o tempo todo. E nisso o seu estriado vem com
medidas para aliviar o estresse, como tomar uma cerveja, comer um
biscoito”. Resumindo: para estabelecer bons hábitos, reduza o nível de
estresse. E se estiver em um momento difícil no trabalho, encontre uma
coisa para dar a partida no processo. Isso vai fazer com que se
concentre melhor e evitará que o cérebro se “atrapalhe”. “O que eu
poderia fazer para avançar em relação a meu objetivo? Dar um passo
pequeno de cada vez pode tornar um grande projeto algo mais fácil de ser
gerenciado”, explica Alex Korb.
E o que mais? Faça uma caminhada todas as manhãs pela rua ou num local
aberto – de preferência acompanhado de um amigo. “Ao caminhar ao ar
livre, você se expõe ao sol e colherá benefícios para dormir melhor à
noite, além do impacto no sistema de produção de serotonina. Se fizer
isso diariamente, esse hábito ficará gravado no seu estriado dorsal e se
tornará um bom hábito. Se estiver acompanhado de um amigo, ainda melhor
porque você tem o benefício da conexão social”, diz o pesquisador Alex
Korb. E se o dia estiver bem ensolarado, vá de óculos escuros. E sorria.
Segundo o planejador financeiro Thomas Corley, pessoas abastadas têm
hábitos diferentes das que têm poucos recursos. Saiba que
comportamentos são esses e como adotá-los para engordar sua conta
bancária
Por Mariana Amaro
SÃO
PAULO - Se você está lendo esta reportagem, parabéns! Quem pratica o
hábito da leitura já tem ao menos algo em comum com pessoas que ganham
mais de 160 000 dólares por ano. E, quanto mais você cultiva hábitos
parecidos com os desse grupo, mais perto pode ficar de construir a
própria fortuna.
Essa foi a conclusão de Thomas Corley, planejador
financeiro americano que, depois de receber de madrugada um cliente à
beira da falência, resolveu estudar os hábitos de ricos e pobres, o que
resultou no livro Rich Habits - The Daily Success Habits of Wealthy
Individuals ("Hábitos de rico: os hábitos diários de sucesso dos
indivíduos afortunados", em tradução livre).
Durante
mais de dois anos, Thomas Corley entrevistou e monitorou 233 pessoas com
fortuna líquida de pelo menos 3,2 milhões de dólares. Entre os
participantes da pesquisa, 85% eram ricos de primeira geração - ou seja,
fizeram fortuna por esforço próprio.
Depois, o mesmo trabalho foi feito
com 128 pessoas que recebiam menos de 35 000 dólares anuais, renda
considerada baixa para o estilo de vida americano. Após comparar o grupo
de pessoas com conta no azul com aquelas no vermelho, Corley percebeu
várias diferenças de comportamento. O que mais chamou sua atenção foi
que os desvios ocorriam em atitudes rotineiras, que dependem de
disposição pessoal para ser modificadas. "Há comportamentos que podem
fazê-lo melhorar como pessoa e profissional", disse Corley à VOCÊ S/A.
Veja como adquirir costumes positivos para sua conta bancária.
1 - Estabeleça metas, não sonhos
O que significa -
Ganhar 1 milhão de reais na loteria não é uma meta, é um sonho. Os
ricos de primeira geração entrevistados por Thomas Corley chegaram lá
com muito esforço. "Meta é algo que pode ser alcançado por meio de ações
práticas e prazos para cumpri-las", diz Corley.
Como praticar
- Para transformar um sonho em meta, defina objetivos menores, que
devem ser alcançados em curtos intervalos de tempo. Escreva esse plano.
Crie uma estratégia para concluir cada uma das etapas que, uma vez
cumpridas, farão com que você atinja o objetivo principal.
2 - Encare os problemas
O que significa
- Os ricos concluem pelo menos 70% da lista diária de tarefas. Adiar é
um mau costume, mais frequente entre pessoas de baixa renda, segundo
Corley. "Pessoas que enriqueceram sozinhas encaram os problemas", diz
Álvaro Modernell, especialista em educação financeira.
Como praticar
- Para começar, acorde cedo: 44% dos endinheirados despertam 3 horas
antes de ir para o trabalho. "É nesse período que leem, fazem exercícios
e planejam as tarefas do dia", diz Corley. Tenha pressa para encontrar
soluções.
3 - Faça contatos
O que significa
- Nove em cada dez ricos creem que relacionamentos estão na base do
sucesso financeiro. Isso contraria a crença de que dinheiro atrai
interesseiros. "Não existe nada de errado em cultivar amizades para
fazer negócios, desde que o resultado seja bom para ambos", diz o
consultor financeiro Mauro Calil.
Como praticar
- Ofereça ajuda e seja gentil. Demonstre interesse genuíno em
contribuir. "É importante lembrar-se dos relacionamentos nos bons e nos
maus momentos", diz Álvaro. "Se você só procurar as pessoas quando tiver
problemas, elas vão parar de atendê-lo."
4 - Fale menos, ouça mais
O que significa
- Ser um bom ouvinte é importante para mostrar que você é confiável.
Evite fofocas, um hábito que afasta dinheiro. "Falar mal de alguém
compromete sua credibilidade diante de uma pessoa com quem você pode
fazer negócios", diz Corley.
Como praticar
- Quando uma pessoa chegar falando mal de outras, saiba que ela poderá
fazer o mesmo em relação a você. "Afaste-se dessa pessoa", diz Corley.
"Evitar participar de fofocas é um comportamento que mantém as portas
abertas."
Thomas Corley, autor do livro Rich Habits - The Daily Success Habits of Wealthy Individuals (Divulgação)
5 - Leia e estude
O que significa
- Ricos passam, em média, menos de 1 hora diante da televisão e, quando
o fazem, estão assistindo a telejornais, filmes ou documentários. Eles
também têm o hábito de ler revistas, jornais e livros. Enquanto a
leitura diária é comum para 88% dos endinheirados, apenas 2% dos pobres
fazem o mesmo.
Como praticar
- "Não existe problema nenhum em acompanhar uma novela ou um seriado,
mas escolha alguns", diz Mauro. Tente também colocar a leitura de um
jornal, uma revista ou um livro em sua rotina. É importante ler conteúdo
de qualidade. Portanto, busque livros e revistas que desenvolvam
postura crítica, tenham bom repertório e coloquem o leitor em contato
com diferentes visões e experiências.
6 - Cuide de sua saúde
O que significa -
Os ricos costumam praticar exercícios diariamente e alimentam-se
corretamente. Mais: 85% deles acreditam que saúde física e financeira
estão relacionadas, enquanto apenas 13% dos pobres creem nisso. "Um de
meus entrevistados disse que não poderá fazer dinheiro se estiver em um
hospital", diz Corley.
Como praticar -
Faça pelo menos uma atividade física três vezes por semana. "Nos
primeiros dias é difícil, mas, se você tiver disciplina, estará
acostumado depois de dois meses. Quando não der tempo de se exercitar,
sentirá falta", diz Corley. Para ficar saudável é importante também
cortar os hábitos alimentares ruins.
7 - Assuma riscos
O que significa -
Para 63% dos ricos existe uma relação entre ganhar dinheiro e correr
riscos - entre os mais pobres, apenas 6% concordam com a afirmação. Dos
que fizeram fortuna, 27% admitem que já fracassaram pelo menos uma vez
na vida, no trabalho ou nos negócios, ante 2% dos pobres. "Os erros
trazem aprendizado", diz Corley.
Como praticar -
Oferecer-se para tocar projetos e assumir responsabilidades, expressar
seu ponto de vista em reuniões, expondo-se à avaliação da chefia, e
tomar a iniciativa de resolver problemas que aparecem no dia a dia sem
esperar pelo gestor são formas de assumir riscos. "Para chegar ao topo,
todo mundo passou por fracassos - a diferença é como lidaram com eles",
diz Corley.
8 - Seja otimista
O que significa -
"As pessoas bem-sucedidas encaram problemas como oportunidades e
acreditam na ideia de potencial ilimitado, de que poderão ser o que
quiserem se trabalharem para isso", diz Corley, destacando que ser
otimista não é ser ingênuo.
Como praticar -
Evite reclamar em excesso e lute contra o desânimo. "Quando um problema
surgir, tente enxergá-lo de vários ângulos e foque a busca da solução
em vez de reclamar que o mundo é injusto", diz Álvaro.
9 - Adote o hábito de poupar
O que significa
- "Os ricos são avessos a excessos, seja de bebida e comida, seja de
trabalho e de gastos. Eles economizam de 10% a 20% dos ganhos mensais",
diz Corley. Guardar dinheiro é muito importante para 88% dos ricos, ante
52% dos pobres.
Como praticar
- Não gaste mais do que 80% de sua receita, incluindo nesse total
despesas com férias, lazer e compras. Além de gastar menos, procure
aumentar sua renda. "Equilibre o presente com o futuro. É importante
guardar para a aposentadoria, mas é fundamental viver o presente
também", diz Álvaro.
10 - Seja dono de seu destino
O que significa
- Apenas 10% dos ricos acreditam em destino, enquanto 90% dos pobres
creem que a vida é como é porque foi assim determinada. "É mais fácil
colocar a culpa na genética ou no governo, mas a verdade é que você é
responsável por sua situação financeira", afirma Corley. "A maior parte
dos ricos que entrevistei não nasceu rica, mas acreditava que podia
conquistar o que quisesse pelo esforço", diz o planejador financeiro.
Como praticar
- Defina objetivos e trace metas para alcançá-los. "É melhor gastar sua
energia lutando para superar um obstáculo do que reclamando", diz
Álvaro.
11 - Planeje para ser mais criativo
O que significa
- Enquanto 75% dos ricos consideram a criatividade determinante para o
sucesso financeiro, apenas 11% dos pobres têm a mesma convicção. "Os
pobres tendem a acreditar que os bem-sucedidos já nasceram
intelectualmente bem-dotados, mas minhas estatísticas mostram que muitos
dos ricos foram alunos apenas medianos", diz Corley. "No Brasil, também
existe a crença no cara que tem o dom e resolve tudo sozinho", diz
Mauro.
Como praticar
- O que poucos levam em conta é que a criatividade é resultado do
esforço e da energia dedicada a analisar um problema por diversos
ângulos antes de executar uma tarefa com o objetivo de encontrar uma
solução nova. Exercite essa habilidade estudando sua atividade e ouvindo
outras opiniões antes de começar a agir.
Thomas Corley: livro lista as atitudes de pessoas abastadas que merecem ser seguidas para uma boa saúde financeira