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Criatividade e liderança

5 traços dos líderes criativos

Tornar-se um líder exige coragem tanto quanto criatividade. E criatividade exige prática

Ideia; inovação; criatividade (Foto: Thinkstock)

“Ser um líder é difícil. É por isso que a maioria de nós acaba seguindo ordens de outras pessoas em nossas vidas profissionais”, afirma o artista gráfico Erik Wahl, autor do bestseller Unthink: Rediscover Your Creative Genius, em um artigo publicado na Fast Company

Segundo ele, essa realidade está começando a mudar. “A fila daqueles que querem trabalhar por conta própria tem crescido, o que dá a entender que mais gente está confortável em assumir as redes do trabalho”. Em seu texto, ele diz que, de fato, se tornar um líder (mesmo que seja só de si mesmo) é uma arte que qualquer um que se comprometer com suas tarefas, pode desenvolver. “Não há qualidades inatas nos líderes. Eles são pessoas comuns que decidem, em um ponto ou outro de sua trajetória, fazer coisas extraordinárias.”

Isso não só exige coragem, mas também criatividade – o tipo que pode ser ativamente nutrida e praticada, segundo Wahl. “Tenho descoberto que, para se tornar um líder, você precisa desenvolver qualidades similiares às de um artista”, diz ele. “É preciso mergulhar em sua inteligência criativa para conseguir ver além do lugar comum, tornar-se ágil e inspirar pessoas à sua volta a fazer o mesmo”.

A seguir, os cinco traços que, de acordo com Wahl, os líderes mais criativos costumam ter.
 
1. Eles quebram paradigmas

Mudanças são constantes. Na natureza, na política, nos negócios. A única constância é a inconstância. Algumas pessoas esperam ser empurradas para posições de lideranças por forças ao redor. Mas os melhores líderes – de Joana D’Arc a Martin Luther King e Steve Jobs – primeiro impulsionaram-se a agir. Só depois, inspiraram as pessoas ao redor. Estão constantemente tendo novas ideias. Provocam mudanças e as encaram mesmo que os outros não os acompanhem.

“Talvez a única grande diferença entre líderes excelentes e líderes medianos seja que os excelentes estão dispostos a tomar iniciativas em vez de esperar que as circunstâncias direcionem suas vidas”, afirma Wahl. Isso significa sacudir crenças e instituições – missões que não costumam ser fáceis nem bem recebidas por todos. Porém, é isso o que os faz ótimos.
 
2. Eles escutam a intuição

“Há coisas que sabemos que são verdade e coisas que sentimos que são verdades”, diz o artista. Graças a nossa educação, a maioria de nós tende a inclinar-se sobre a base de conhecimento existente para resolver problemas e tomar decisões. Mas os melhores líderes são os que se dão conta de que as coisas que eles sentem – aquelas possibilidades que estão um pouco além do reino do conhecido – têm um valor especial também. A partir dessas intuições, eles têm insights relevantes.

A maioria de nós tem problemas em distinguir e equilibrar a lógica e a intuição. Mas a verdade é que essas faculdades não são opostas uma a outra. De fato, você precisa se dar conta de como elas trabalham juntas se você se tornar um verdadeiro líder criativo. O intelecto sem a intuição pode fazer uma pessoa inteligente, porém sem impacto. Intuição sem intelecto faz uma pessoa espontânea sem foco.
 
3. Eles se movem rapidamente

Um dos maiores obstáculos a qualquer um que tenta se comprometer com algo é o perfeccionismo – a necessidade de obter o valor exatamente correto antes de partir para o próximo passo. Os melhores líderes, no entanto, percebem que a perfeição é impossível, e que buscar a perfeição, muitas vezes, se torna um obstáculo ao que é o mais importante: o progresso. “A liderança requer a realização de progressos consistentes, não importa de que tamanho. Quanto mais rápido o passo, mais rápido o progresso”, afirma Wahl.

Não pense que você poderá dar um salto gigante só porque antes passou um tempão estudando-o de fora. Se simplesmente agir, vai superar os resultados mais rapidamente do que se ficar remoendo. Vá em frente e deixe saírem as faíscas. Você vai cometer erros. Mas no processo, vai aprender logo de uma vez e continuar se movendo – refinando suas habilidades e usando as faíscas para inflamar sua criatividade a níveis que você nem sabia que poderia atingir.
 
4. Eles têm convicções e as cumprem

“Não me pergunte o que o mundo precisa”, disse uma vez o grande líder dos direitos civis Howard Thurman. “Pergunte a si mesmo o que faz você ficar vivo. Porque o que o mundo precisa de pessoas vivas.” Há algo convincente sobre uma pessoa com convicção, concorde ou não com tudo o que ela represente. Porém, a convicção é rara, porque em nosso desejo por estabilidade e segurança, frequentemente cometemos o erro de olhar fora de nós em busca de direção, quando deveríamos procurar por ela dentro. Ao longo do tempo, podemos perder os sinais que mostram quem realmente somos e o que é realmente importante para nós.

Convicção pode ser cultivada – e esse é um processo que começa individualmente. Enquanto aqueles que vivem com grandes convicções sempre podem inspirá-lo, eles não sabem sobre suas paixões ou crenças particulares. Só você pode perguntar: “O que me faz sentir vivo?”. A partir daí, as lacunas entre quem você é e quem você ainda pode se tornar se tornam mais claras. Você pode descobrir que precisa de algo dramático como uma mudança de carreira, ou fazer o exercício de responder a essa pergunta pode ajudar a levá-lo, com mais consciência, ao caminho em que você já está. A chave é descobrir algo que sente estar destinado a fazer e entregar-se a isso.
 
5. Eles não sabem (apenas) o que é esperado deles

A habilidade de ter novas ideias é definitivamente uma característica dos grandes líderes. 

Eles são capazes de ir além da visão normal e imaginar novas possibilidades para definir o curso que será seguido por outros. Cada um de nós tem uma tremenda vocação para originalidade – afinal, somos únicos, no fim das contas –, mas atingir isso pode ser difícil. Por quê? Porque nossas vidas estão cheias de demandas – nossos trabalhos, nossas famílias – e nós desperdiçamos a maior parte do nosso precioso tempo e energia apenas tentando manter-nos onde estamos.

“A fim de libertar sua própria originalidade, você precisa estar disposto a parar de fazer apenas o que é requisitado ou esperado que você faça e começar a fazer coisas que só você pode fazer”, afirma Wahl. “Aquelas ideias e projetos que você mantém na estante até que você tenha tempo para elas”. A verdade é que nunca haverá um momento ideal para encará-los. Nunca haverá 100% de garantia de sucesso. Então, comece a executar seus projetos hoje e trabalhe neles dia após dia.

Ultimamente, a real diferença entre você e os líderes criativos que o inspiram é a ação. “Você tem a capacidade inata de desenvolver todas as qualidades que eles possuem”, diz o autor. A chave é começar. Comece hoje. Comece agora. Não espere até que a vida demande algo de você – isso sempre vai acontecer. Mas não é o que bons líderes fazem.

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/noticia/2015/08/5-tracos-dos-lideres-criativos.html

Inovar ou manter a liderança antiga?

Tomamos decisões com um cérebro pré-histórico

E isso pode atrapalhar na hora de contratar os melhores talentos, segundo Claudio Fernández-Aráoz, especialista em desenvolvimento de lideranças

Claudio Fernández-Aráoz (Foto: Divulgação)

Claudio Fernández-Aráoz tem uma crença. Ele acha que o mundo poderia ser um lugar muito melhor se houvesse bons líderes nos lugares certos. É por isso que ele faz o que pode para desenvolver essas lideranças.

Segundo Aráoz, o primeiro passo para desenvolver talentos e futuros líderes é identificar pessoas competentes e com potencial. Ou seja, indivíduos que não só tenham habilidade para desempenhar uma tarefa específica, mas que consigam continuar aprendendo e mudando para assumir responsabilidades mais complexas no futuro. 

Para escolher as pessoas certas é preciso, antes de mais nada, entender que a maneira como o ser humano toma decisões nem sempre é inteligente -- pelo menos quando o objetivo é escolher o futuro funcionário. Nosso cérebro ainda tem "reações pré-históricas" e isso significa que escolhemos pessoas por afinidade. Só que no mundo corporativo é preciso ser mais objetivo. Na entrevista a seguir, Aráoz explica melhor essa ideia, fala sobre times vencedores e as barreiras para as mulheres nas empresas.

Além de ser um argentino que não tem medo de fazer piada com seu país, Aráoz é membro do conselho da Egon Zehnder, empresa de recrutamento de altos executivos, palestrante na escola de negócios de Harvard e pesquisador. Ele trabalhou mais de 30 anos como consultor e escreveu dois livros. O segundo deles (“Não é como nem o que, mas quem”) está sendo lançado agora no Brasil pela HSM Educação Executiva.

As pessoas são o principal recurso das empresas hoje?
Claro. Isso pode inclusive ser medido financeiramente. Nos anos 1980, o maior valor das empresas estava atrelado a ativos físicos. Atualmente, 80% do valor das empresas está em bens intangíveis, pessoas e ideias. Então sim, os recursos humanos são a fonte de valor mais importante para as companhias. Além disso, o principal fator controlável para a criação de valor dentro das organizações é a decisão dos líderes. Meus colegas em Harvard já fizeram todo tipo de análise e chegam a essa conclusão todas as vezes. Há um exemplo do Brasil: quando Roger Agnelli comandava a Vale, em uma década ele conseguiu criar US$ 157 bilhões em valor, mais do que o que Jack Welch alcançou no tempo em que esteve à frente da GE. Eu conversei muitas vezes com Agnelli e ele me disse que, de longe, a razão mais importante para seu sucesso foi a sua disciplina para avaliar candidatos internos e externos cada vez que precisava escolher um líder para uma posição sênior.

E isso acontece independentemente do setor em que a empresa atua ou do momento econômico?
Não importa o setor em que você está, o país, seu produto ou serviço, suas metas e sua estratégia. Eu comparo Jeff Bezos, da Amazon, e Agnelli, que estiveram entre os cinco melhores CEOs [segundo ranking divulgado pela Harvard Business Review em 2013]. Suas situações não poderiam ser mais diferentes. Amazon é uma empresa de tecnologia, a Vale é de mineração. Uma é americana, a outra brasileira. Uma nasceu como startup e a outra foi privatizada. Uma cresceu organicamente, a outra fez várias fusões e aquisições. Uma entrega produtos para consumidores, a outra para a indústria. É um exemplo que ilustra que não importa seu contexto, a disciplina para tomar boas decisões é a razão número 1 para o sucesso.

Mas os líderes sabem disso? Quer dizer, é mais fácil falar do que fazer, não?
Ah, não. Muitas empresas falam sobre isso, mas pouquíssimas colocam em prática. E exatamente aquelas que seguem essa diretriz costumam ganhar uma vantagem extraordinária. Um outro exemplo do Brasil é o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Eles atuavam no varejo, logística e no mercado de cervejas e agora estão partindo para conquistar o mundo. Eles têm a maior empresa de cerveja do mundo e estão fazendo as maiores aquisições no mercado de alimentação. Estão construindo um império desse jeito: recrutando pessoas excepcionais e pessoas com muito potencial -- que é um ponto muito importante. Eles desenvolvem essas pessoas. Mas voltando à sua pergunta, os líderes e empresas que fazem isso de maneira sistemática ainda são minoria. E isso ajuda não só a criar valor para as empresas, mas a criar empregos.

No seu livro, você fala sobre um problema que temos com o nosso processo de tomada de decisão para contratar pessoas. O que acontece exatamente e como podemos evitar isso?
Infelizmente, temos um cérebro pré-histórico e um software vitoriano para tomar decisões. Cérebro pré-histórico porque ele não é muito diferente daquele de um homem que há 10 mil anos atrás estava perseguindo animais na savana. Quando esse homem estava em seu acampamento, se um estranho se aproximava, como ele decidia se iria acolhê-lo, se lutaria ou fugiria?

Como?
Primeiro ele veria se era alguém semelhante. Se fosse, provavelmente seria membro da mesma tribo e seria acolhido. Depois, ele veria se essa pessoa era alguém familiar. Se ele a conhecesse, provavelmente isso significaria que ela não o teria machucado em ocasiões anteriores. Por fim, ele perceberia o quão confortável se sentiria com esse semelhante. Esses três critérios -- semelhança, familiaridade e conforto -- foram muito úteis para nós nos últimos milênios. Do contrário, teríamos sido mortos por inimigos e não estaríamos conversando hoje. O problema  é que esse tipo de critério não nos ajuda mais. Quando falamos em montar times eficientes, eles requerem habilidades complementares, variedade e diversidade. Semelhança e familiaridade são exatamente o oposto disso. Nesse mundo complexo, também precisamos de pessoas que nos desafiem constantemente e isso é o oposto de confortável. Além disso, o nosso software é obsoleto: a maioria das pessoas não estuda como fazer avaliações.

E como resolver isso?
É possível melhorar isso garantindo que a avaliação que será feita das pessoas será mais objetiva, com uma lista muito clara de atributos que precisam ser verificados.

Quais atributos?
Há dois tipos. Um deles tem a ver com competência, as habilidades necessárias para executar uma função. O outro tem a ver com potencial. Potencial é a habilidade da pessoa de continuar aprendendo, crescer e mudar. Ser capaz de estar em uma função muito mais complexa no futuro, sobre a qual pouco sabemos hoje, mas que com certeza será diferente e irá requerer mais de nós. Essa questão do potencial é particularmente importante no Brasil.

Por quê?
Há três razões. A primeira é que vivemos em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. Se o mundo é assim, se você escolhe uma pessoa que tem as competências, mas não potencial, ela rapidamente será incapaz de manter uma boa performance porque o trabalho terá mudado e as competências de que ele vai precisar serão diferentes das originais.

Mude ou morra, certo?
É isso. A segunda razão é que o talento é escasso. Se o talento é escasso, esse problema não pode ser resolvido com as empresas contratando funcionários umas das outras. É aquilo que eu falei: uma perde, a outra ganha. O único jeito de resolver isso coletivamente é as empresas se tornarem melhores em desenvolver pessoas. E o desenvolvimento começa com a escolha de pessoas com potencial, aquelas que serão capazes de ir mais longe e mais rápido. Se não há líderes suficientes, crie. Por fim, e isso é bem específico do Brasil, a idade dos CEOs do país é maior do que a média na comparação com outros mercados emergentes. Como eles são mais velhos, vão se aposentar mais cedo e será preciso substituí-los. 

Bom, competências são mais fáceis de identificar. Como saber se uma pessoa tem potencial?
Dá para observar cinco características. Esse profissional precisa ter a motivação certa, que é uma mistura meio paradoxal de comprometimento com os desafios e humildade. Precisa ter também uma curiosidade insaciável, querer aprender sempre, inclusive buscando feedback. Pessoas com potencial costumam ter insights, são boas para fazer associações e criar novas possibilidades. Conseguem engajar os outros e são capazes de superar dificuldades, sem ceder à pressão.

Meio difícil perceber tudo isso em uma entrevista de emprego, não?
Sim. A maior parte das pessoas toma decisões olhando currículos e fazendo uma entrevista superficial. A típica entrevista acontece com dois mentirosos. O empregador diz que o candidato não vai encontrar uma empresa melhor para trabalhar. O candidato diz que quer muito trabalhar ali e se mostra melhor do que é. Então, antes de mais nada, você precisa fazer a entrevista certa. Se você quer checar como eu encaro feedback, me pergunte sobre uma situação recente, o que eu fazia, quais eram as circunstâncias, o que aconteceu, como eu reagi. Também é necessário pegar referências -- porque as pessoas mentem nos currículos e nas entrevistas. E a não ser que o candidato tenha depressão, seu viés será otimista. Observações de terceiros são muito mais realistas do que a opinião da pessoa sobre ela mesma. Então, é necessário avaliar bem um candidato para que o empregador escolha o que melhor atende suas necessidades e saiba quais questões ele terá que trabalhar com essa pessoa depois de contratá-la.

Falando em feedback, muitas empresas falam sobre ferramentas para desenvolver pessoas, mas poucas funcionam. O que é realmente eficiente na hora de criar talentos?
A maioria dos processos de feedback é inútil ou contraprodutiva. Especialmente em países latinos, onde as pessoas não são boas para dar más notícias. Você começa elogiando, fala de um problema, termina elogiando para a pessoa esquecer a crítica e aí ela nunca melhora. Pesquisas mostram que o desenvolvimento de adultos é resultado de apenas 10% de treinamento formal, 20% de coaching e feedback e 70% de rotação de trabalho e tarefas específicas.

Ou seja, não é só ficar falando com as pessoas?
Claro. A GE é a maior fábrica de CEOs do mundo. Jantei com o Jack Welch em março e ele me disse que estava muito feliz por ter trabalhado com 40 CEOs de empresas que estavam na lista das 500 maiores empresas da Fortune. Por que a GE produz tantos executivos? Eles contratam pessoas com muito potencial e fazem com que mudem de posição por dois anos, para encarar diferentes desafios. A consultoria McKinsey é a maior fábrica se ajustarmos por tamanho, porque tem menos funcionários que a GE. E por quê? Porque os consultores são expostos constantemente a indústrias diferentes, setores diferentes, estratégias, planejamentos e problemas diferentes. As pessoas se desenvolvem sendo expostas a desafios.

É melhor contratar pessoas de fora ou promover funcionários?
Por definição, no nível mais baixo da pirâmide você precisa contratar pessoas de fora. Se você é uma grande empresa que está fazendo um bom trabalho na hora de contratar e de desenvolver pessoas, não seria um pouco estranho buscar no mercado profissionais para ocupar os níveis mais altos? Se isso acontece, significa que você não está fazendo alguma dessas coisas. Claro, se você vai entrar na China, talvez precise de bons gerentes locais. Às vezes, as empresas criam novas áreas, investem em novas tecnologias e também precisam de especialistas, mas isso é exceção. Além disso, promover pessoas tem várias vantagens. É um risco menor porque você já as conhece. O gastor é menor porque contratar alguém de fora geralmente requer um aumento de salário. E é mais motivador. Quem quer trabalhar para uma empresa que, sempre que há uma vaga no topo, contrata alguém de fora?

Você já trabalhou ao lado de líderes reconhecidos de grandes empresas. O que eles têm em comum?
Eles são muito ambiciosos. E eles têm essa disciplina religiosa para contratar os melhores e ajudá-los a prosperar. Jeff Bezos já falou publicamente que prefere entrevistar 50 pessoas e não contratar nenhuma do que diminuir a barra. Os melhores CEOs se cercam dos melhores.

Mais difícil do que contratar uma pessoa boa é criar um time vencedor. Como fazer isso?
O mais importante é contratar o chefe certo. As pessoas não pedem demissão das empresas, elas pedem demissão de chefes ruins. É o maior motivo de rotatividade e frustração. E há também algumas dimensões que fazem um bom time, como diversidade, alinhamento, resiliência, abertura para o diferente, eficiência e energia.

O fato de não haver muitas mulheres nos níveis mais altos das empresas é um problema?
Esse é um dos meus temas preferidos. Sempre que as pessoas me perguntam onde eu vejo a maior oportunidade para talentos, eu sempre respondo que não é um lugar, é um gênero. As mulheres são a maior oportunidade de talento no mundo todo, incluindo o Brasil. E no entanto, não estão ganhando espaço. Mas como mudar isso? Uma das maneiras é se concentrar de maneira mais objetiva nas competências e no potencial dos candidatos. Se você fizer isso, verá que, tipicamente, metade dos candidatos qualificados são mulheres.

E por que as mulheres não chegam a esses níveis?
Voltemos ao cérebro pré-histórico. Homens se sentem mais confortáveis com homens. E há uma crença errada de que o mais importante na hora de escolher pessoas é a experiência, não a competência. É o foco errado.

Você é a favor das cotas para mulheres?
Pessoalmente, eu acredito que quando partimos de uma situação em que há uma representação tão ridiculamente baixa de mulheres em níveis executivos, cotas podem ajudar. A Itália aprovou uma lei em 2012 que exigia que algumas empresas tivessem pelo menos 20% de mulheres em seus conselhos e, depois de um tempo, esse nível subiria para 30%. Você pode imaginar a reação dos italianos. Mas depois, eles se conformaram e pensaram: se teremos mulheres nos conselhos, precisamos garantir que elas serão boas. Eles começaram a avaliar as candidatas por competência. Atualmente, a maioria dos italianos concorda que seus conselhos estão muito mais fortes por causa da presença feminina.

Em tempos de crise, a primeira medida que muitas empresas tomam é demitir funcionários. Às vezes, é inevitável. Mas em que medida isso é ruim para elas?
O que eu aprendi por experiência e por pesquisas é que a maior parte das companhias, em tempos de crise, se assusta e fica andando no escuro achando que nunca mais verá a luz do sol. Cortam custos e demitem pessoas. Há um pequeno grupo que tenta aproveitar a recessão para acelerar e conquistar o mercado. Esses dois tipos saem enfraquecidos da crise. Mas há um terceiro grupo, uma minoria, que sai fortalecido. O que as empresas desse grupo fazem? Elas contratam pessoas. Elas se apertam um pouco mais, mas aproveitam a crise para contratar excelentes profissionais dos concorrentes. Essa é a grande oportunidade da crise. Assim como as mulheres são a maior oportunidade permanente quando o assunto é talento, a crise é a maior oportunidade recorrente. Há ótimos exemplos.

Você pode citar algum deles?
Na 2ª Guerra Mundial, os melhores engenheiros do mundo estavam nos laboratório militares dos Estados Unidos, produzindo todo tipo de inovação tecnológica. Quando a guerra terminou, começou uma recessão. A maioria das empresas estava encolhendo, incluindo a Hewlett-Packard. Ao mesmo tempo, aqueles engenheiros ficaram sem função com o fim da guerra. A HP decidiu contratá-los. As pessoas perguntaram como é que a empresa poderia contratá-los em um momento de crise e a resposta foi: como seria possível a empresa deixar de contratá-los.

Fonte:  http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/noticia/2015/08/tomamos-decisoes-com-um-cerebro-pre-historico.html

Mentores para a geração Y

Geração Y: 'O que os jovens mais precisam nesse momento é de mentores'

Sidnei Oliveira, especialista em gerações, afirma que esses jovens ainda não assumiram seu papel de protagonistas e estão no papel de quem só espera os gestores passarem o bastão

Jovens Carreira Geração Y Motivado Produtivo Trabalho Colegas (Foto: Thinkstock)
 
Muito se fala da geração Y. São ansiosos, ambiciosos, desfocados... Mas, será que esses não são adjetivos que caracterizam os jovens de diferentes épocas? Se você faz parte da geração X, sabe que ela também era definida de uma maneira bem parecida. Pois ser jovem é ser um tanto ansioso e ambicioso. É não ter muitas experiências e ainda assim querer conquistar o mundo rapidinho.

O mundo é cíclico. Toda vez que surge uma nova geração, aquele velho disco arranhado começa a tocar: e agora, o que será do futuro com os jovens de hoje em dia? “Todos os jovens, em determinado momento, ganham a maturidade necessária para seguir em frente”, explica Sidnei Oliveira, autor do livro Geração Y: o nascimento de uma nova versão de líderes (Editora Integrare).

O grande problema é que, ao contrário dos pais, o mercado de trabalho não tem tempo e nem disposição para esperar a maturidade chegar. Mais do que isso: muitas vezes, os gestores não estão preparados para lidar com essas diferenças de gerações. Quando isso acontece, é sempre mais fácil chamá-los de descomprometidos, arrogantes ou preguiçosos. Mas não é bem assim.

A geração Y recebeu toda a influência da internet. Ou seja, existe uma ansiedade ainda mais exagerada, culpa da instantaneidade com que acontecem as trocas. Existe também uma mistura entre a vida pessoal e a profissional que não acontecia antes. Uma ambição de querer conquistar todo mundo rapidamente - que surge de uma pressão imposta por eles próprios.

Ainda que sejam considerados descomprometidos, esses jovens são cheios de expectativas em relação ao mercado de trabalho. Esse conflito entre o olhar dos veteranos e quem, realmente, são esses novatos distorce a realidade. Para Oliveira, eles querem grandes desafios e o salário é o último fator que os motiva. Ainda assim, "eles são a geração que ainda não entrou no jogo para jogar". Por isso, conversamos com o autor para entender quem é e o que deseja a geração Y.

Afinal, quem é a Geração Y?
Tem uma coisa que roda muito nas redes e na mídia de um modo geral que é uma classificação etária. Então, quando falamos desses jovens, eles são os que nasceram entre a década de 80 e 90. São os jovens que receberam toda a influência da internet.

O que eles esperam do mercado de trabalho?
O jovem da Geração Y não sabe lidar com frustrações. Nesses últimos 20 ou 30 anos, nós não preparamos o jovem para lidar com as perdas. De alguma maneira, a sociedade e a família mudaram o seu discurso e sua forma de lidar com os filhos, protegendo eles de frustrações o máximo que era possível. Ou dividindo essa carga, em uma espécie de companheirismo.


Essa proteção fez com que os jovens se tornassem mais frágeis para o mercado de trabalho. 

Ele entra nesse mundo qualificado em termos acadêmicos. Mas, não tem muita “casca”, cicatriz, que dê força para suportar a realidade da consequência. O jovem espera que o mundo corporativo trabalhe a favor dele. Ou que os gestores ajam como os pais, dividindo a responsabilidade, protegendo e dando benefícios antes das consequências. Só que a vida reaI funciona diferente. Aqui, você banca as consequências para então receber os benefícios.

A Geração Y tem uma ambição muito grande de fazer sucesso antes dos 30. Qual a origem dessa necessidade?
Parte disso é um efeito de ansiedade, de você querer resolver tudo rápido. E outra parte vem da comparação de ter tudo o que os pais tiveram. Esses jovens são beneficiados de receber muitas regalias dos pais e possuem a necessidade de superá-los. E se os pais forem de uma classe média ou alta, é difícil essa superação.

Então, eles se sentem pressionados a ser um sucesso. Até para dar uma resposta aos pais que de alguma maneira o privilegiaram. É uma relação de devolução - “eu tenho que mostrar para os meus pais que eles não gastaram dinheiro à toa”.

Até onde essa ambição é benéfica? E quando ela passa a ser prejudicial?
Tudo que é muito exagerado é prejudicial. A ambição de maneira moderada te mobiliza a alcançar patamares superiores aos que já tem. De maneira exagerada, faz você pensar em uma direção equivocada que te afasta do caminho certo.

Quando os jovens estão ambicionando um sucesso, é bacana e bonito em um primeiro momento, desde que seja mobilizador. Agora, se ele acredita que só por existir ele merece, é extremamente imaturo e atrapalha bastante. Porque soa arrogante. O jovem acaba deixando de ser uma pessoa ambiciosa com o benefício desse sentimento. Que, normalmente, arrebenta alguns valores e passa por cima de tudo e de todos.

Quais os maiores problemas que a geração Y enfrenta na hora de entrar no mercado de trabalho?
Primeiro, é essa fragilidade por não estar preparada para encarar pressões. A segunda é encontrar pessoas mais veteranas que não saíram do mercado de trabalho. São pessoas que perceberam a expectativa de vida maior e, por isso, se afastam do mundo corporativo em uma velocidade menor. Na prática, o que acontece é que sobram menos posições e menos desafios para os jovens que estão entrando. Eles têm essa dificuldade de disputar um espaço com os mais veteranos.

Esses veteranos ainda têm um preconceito com a geração Y. Por quê?
É posicionamento. Quando olham para o jovem, usam como referência eles mesmos. Então, reparam no que tinham quando era jovem versus o que a geração Y tem. Essa comparação é até injusta em algumas situações, mas leva ao seguinte pensamento: “eu não tive isso e olha aonde eu cheguei. Agora vem esse rapaz aqui, com tudo o que ele teve e quer tomar o meu lugar”. Essa comparação é relativamente antiga. Só que hoje nós temos muito mais veteranos. E isso intensifica todo esse processo de conflito.

A geração Y é subestimada ou mal entendida em algum momento?
Ela é mal entendida. Existe uma expectativa muito grande em cima dos jovens por conta de todo esse privilégio que eles tiveram e todo o investimento. Ao mesmo tempo, ninguém entrega o desafio para o jovem resolver. Pois não estão dispostos a pagar para ver. Para complicar, muitos jovens se acostumaram com os privilégios e por isso também não estão pagando para ver. Logo, quando o veterano olha o jovem, ele define seu comportamento como falta de compromisso, sem apego ao trabalho. É nessa hora que a gente vê a manifestação do conflito. Ele quer um jovem comprometido e a geração Y ainda não entrou de cabeça nesse jogo.

Em comparação com a geração X, qual o grande diferencial da Y?
Eles têm uma capacidade de aprendizado muito mais intensa e muito mais rápida. Tem muito menos preconceito em relação à diversidade. Possuem a vantagem de ter o pensamento globalizado. Ele é mais contestador que os jovens em outras épocas. Ainda não tem muita ideia de como contestar de maneira adequada, até por falta de referencial, mas esse jovem tem um drive de mudança contínua de querer inovar as coisas. É parte de seu DNA querer mudar e alterar as coisas.


E o diferencial “negativo”?
Ele é impaciente. Ele tem uma dificuldade enorme de ver o todo. A visão sistêmica dele é limitada. Na verdade, acho que ele não tem uma visão sistêmica. E ainda não sabe lidar com frustração.

O que a geração X espera da geração Y?
A geração X espera que o jovem saiba “pagar o preço daquilo que escolhe”. Porque a rigor, a gente vê muito os jovens colhendo as coisas, mas esperando que alguém o ajude a pagar o preço. A geração mais veterana, olhando os jovens, ela pensa: - Ok! Você quer isso? Então pague o preço, não peça ajuda para pagar o preço.

E a segunda coisa, é que ele realmente promova as mudanças que são esperadas. Que ele saia de uma posição acomodada e entre na vaga de protagonista. Que ele vá e faça tudo o que pode fazer. Que entre no jogo, mas entre jogando. Nós vemos o jovem entrando no jogo, sempre com uma reivindicação. E essa sensação de que ele está sempre pedindo, incomoda muito. Esperamos que se ele está pedindo, ele vá lá e faça. Não fica só dizendo “ a gente tem que resolver”. Se está descontente com o trabalho, vá atrás do que você quer. “Ah, mas não estão me dando a chance.” Então, saia da linha do expectador e entre na linha do jogador.

E o contrário? O que os jovens da geração Y esperam dos seus líderes?
Aí tem uma dificuldade. O jovem declara esperar uma coisa, mas eu acho que ele espera outras. Ele declara que espera do líder: compreensão, paciência, desafios, delegação e confiança. Mas, ele está esperando que o gestor passe uma procuração, para daí ele entrar no jogo e protagonizar. E isso é o que ele declara e o que mais a gente vê nas pesquisas.

Olhando bem o jovem e tentando entender o que está por trás dessa declaração eu percebo que o que ele realmente espera dos líderes é uma condição de referência que ele não tem encontrado. Os líderes, no geral, estão muito ocupados executando as tarefas, controlando as equipes e eles não têm se preocupado em ser referências para os jovens.

O que os jovens mais precisam nesse momento é de referência, de mentores. Hoje, a geração Y tem muita dificuldade de olhar para alguém mais velho e enxergá-lo como alguém de referência, como um mentor que de alguma maneira possa inspirá-lo a tomar uma decisão ou caminhar em uma direção. Não é aconselhar, é inspirar. É diferente de dar um conselho, ou um palpite.


Em breve, nossos lideres serão da geração Y. Como serão esses lideres?  
Falta um pouco de maturidade, inclusive nos aspectos de liderança. Ele ainda não foi desafiado suficientemente para ser líder. Quando isso acontece esse jovem acaba atuando em dois tipos de frentes. Ou ele é um tirano como líder. Ou ele acaba adotando aquele líder fraco que é o líder amigo, companheiro – que deixa de ser gestor e é só porta-voz. Eu tenho reparado que o jovem ainda precisa se desenvolver na liderança. Mas, o ponto positivo é que a liderança é uma coisa que você consegue desenvolver, não é um aspecto que nasce pronto e ponto final. Tem como desenvolver.

E você acredita que nós teremos os líderes da geração Y bem desenvolvidos?
Eu acho que sim. A humanidade é cíclica, e vai a uma e outra direção de tempos em tempos. 

Não teve uma época ainda, que os mais veteranos não tenham declarado certa decepção com a nova geração dizendo: o que será do mundo com esses jovens? Então, eu acho que a geração Y vai conseguir atingir a maturidade necessária. Pode ser que demore um pouco mais do que outras gerações. Mas, acho que é só ai que será alterado. Nós já estamos vendo isso, quando os jovens optam por casar mais tarde, ter filhos mais tarde. É como se a adolescência tivesse sido ampliada e a juventude também. Ou seja, vai acontecer, só que mais tarde. Eu sou muito positivo, eu acredito no jovem. Ele vai envelhecer e vai amadurecer também.

A CEO da General Motors, Mary Barra, construiu toda sua carreira dentro da GM. Ela começou como estagiária e foi subindo de posições, até chegar à presidência. Isso tem se tornado cada vez mais incomum. A geração Y é conhecida por mudar de emprego sempre. Uma pesquisa realizada ano passado pela empresa de desenvolvimento executivo Future Workplace, disse que os jovens americanos esperam, em média, passar por 15 a 20 empresas durante a carreira. Afinal, isso é um defeito ou uma qualidade?
Eu acho que é uma estratégia perigosa e errada. Quando você entra em um cenário novo, você é novato. Como novato, você recebe desafios de menor relevância para o ambiente. Ninguém entrega um desafio de maior relevância para um novato. Isso acontece à medida que o tempo passa e o novato adquire experiência.

Quando existe essa troca de empregos com frequência, você recebe menos desafios. O jovem que troca de empresa cinco vezes em menos de quatro anos, por exemplo,  não recebeu em nenhum desses empregos nenhum desafio de alta relevância. No decorrer da carreira, ele se torna um profissional que está acostumado a receber desafios de baixa relevância. Ou seja, o que eu imagino é que você trocar frequentemente de emprego, por motivos diversos, não ajuda em nada a carreira. Só se transformar em um profissional que coleciona desafios de baixa relevância.

Você acha que é difícil engajar a geração Y?
Tem sido difícil. Nós estamos em um tempo onde a vida profissional e a vida pessoal se misturam. A tecnologia faz com que isso aconteça. Na prática, isso muda as expectativas no ambiente de trabalho. Porque já que estou jantando em casa e recebo uma ligação do trabalho, isso também pode acontecer inversamente. Eu posso no trabalho, resolver algo pessoal.  Então, esse novo equilíbrio de expectativas ainda está acontecendo. Isso pode ser percebido como uma falta de engajamento dos jovens. Em alguns casos, é sim uma falta de preocupação com a empresa. Em outros casos, é uma busca por equilibrar a vida pessoal e profissional.

Sabe aquele jovem que deu 18h ele tem que ir embora fazer ginástica? Acontece porque ele é pago para ficar até as 18h. Isso, para os jovens, é só uma divisão de horários. Para o líder, é falta de comprometimento. Na prática, o que a gente tem que ver é que isso é só um novo equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Quem vai ter que lidar com isso são os líderes da geração Y e são eles que já estão promovendo essa mudança de gestão.

Você acredita que para reter os talentos da geração Y, a remuneração é o principal fator?
Eu diria que é o último fator. Na prática, o que retém o jovem é o tamanho do desafio que ele recebe. Quanto mais desafios, mais relevância ele ganha na corporação. Isso ele entende como desenvolvimento pessoal. E o transforma em um profissional mais experiente, mais habilidoso e mais relevante para companhia. Ele perceber isso é um fator de motivação muito forte. Maior que o salário. Não que o salário não seja importante, mas ele não se mantém só por causa do salário. Ele quer maiores salários, ele ambiciona isso. Mas, o que prende o jovem é o tamanho do desafio.


Fonte:  http://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2015/05/geracao-y-o-que-os-jovens-mais-precisam-nesse-momento-e-de-mentores.html

Você sabota seu crescimento?

Como se dar conta de que você está sabotando sua carreira

Depois de duras perdas, a especialista em carreira Karen Berg conseguiu identificar e superar comportamentos autodestrutivos. Agora, ela ajuda outras pessoas a fazer o mesmo

Estresse (Foto: Thinkstock)
 
Em 2001, Karen Berg estava no topo do mundo. Por causa do sucesso de sua empresa de coaching, situada em Nova York, a CommCore Strategies, ela viajou o mundo ajudando CEOs e outros gestores de negócios a melhorar suas formas de comunicação e, por consequência, o sucesso do negócio.

Então, o impensável aconteceu. O filho único de Karen, Alex Berg, morreu de repente, em 2001. Mesmo aflita, ela decidiu manter o ritmo de trabalho de sua empresa, em vez de dar uma freada. Ela era boa no que fazia e acreditou que as tarefas profissionais a distrairiam de sua tristeza. Karen tinha um bom time e contou com a ajuda dele para manter tudo funcionando durante seu período de crise.

De alguma forma, porém, Karen sabia que estava negando o fato de não ser capaz de manter as rédeas do negócio totalmente sob seu controle nesse período. No fundo, percebeu que estava oferecendo liberdade demais aos diretores. Ela também desconfiava estar ignorando seu medo de se sentir incapaz de tocar o negócio depois de uma perda tão grande. Agora, olhando para trás, Karen diz que deveria ter contratado um consultor de sua confiança ou um braço direito que ficasse de olho em tudo. Mas não o fez. E, em 2002, sofreu outra perda. 

Muitos de seus funcionários deixaram a empresa para abrir seu próprio negócio, levando a maioria dos clientes mais importantes com eles. Isso praticamente devastou sua companhia.

“Não é fácil dizer: ‘Ah, acho que vou me reinventar’. Então, eu sei, em um nível profundo e visceral, o que significa cometer erros tão grandes e, depois, recalibrar sua vida”, diz ela.
 

Vários anos após a morte de seu filho, Karen ingressou em um grupo de apoio, na tentativa de encontrar uma saída criativa. À medida que ela conhecia novos membros do grupo, percebia que muitos deles tinham comportamentos de autossabotagem, similares aos que ela teve durante sua crise pessoal.

“Eu estava vendo as pessoas ao meu redor – inteligentes e talentosas – caírem por causa dos próprios demônios”, diz. Testemunhou colegas sofrerem por consequência de um medo limitador ou de uma extrema desorganização e negação. Os custos desses comportamentos iam de carreiras prejudicadas a relações arruinadas.

À essa altura, Karen havia reconstruído seu negócio. A partir de então, ela direcionou seu trabalho de coach para a superação de atitudes autodestrutivas e autossabotadoras. A empresária descreve seu novo trabalho no recém-lançado livro Your Self-Sabotage Survival Guide: How to Go from Why Me? to Why Not?. Sua história foi contada na revista Fast Company. A seguir, algumas dicas para evitar comportamentos que podem atrapalhar seu caminho profissional.

Nomeie sua sabotagem

Ao longo de sua carreira, Karen viu todo tipo de autossabotagem em seus clientes. O padrão de minar a própria autoconfiança pode assumir várias formas, incluindo a do medo, da procrastinação, da impulsividade e da arrogância, ou mesmo a negação. Ela conhece bem tudo isso. Para identificar o cerne de como você está se sabotando, é preciso reconhecer os comportamentos destrutivos que adota.

Para isso, reflita sobre o que está impedindo que você atinja seus objetivos. Talvez o medo o impeça de persegui-los. Talvez a desorganização o atrapalhe na hora de organizar seu tempo. 

Observe as atitudes e os sentimentos que o estão segurando, e nomeie-os.
 
Pese o custo de sua sabotagem

Karen foi forçada a confrontar sua negação quando ela quase perdeu seu negócio. Qual é o custo atual ou potencial de sua autossabotagem? A empresária encoraja os clientes a focarem nos temas com os quais eles realmente querem se comprometer, e a pensar na forma como suas carreiras e suas vidas pessoais podem avançar se puderem abandonar os comportamentos destrutivos.

Quanto essas questões estão custando em relação a oportunidades perdidas ou estresse, por exemplo?
 
Mude o foco de seus pensamentos

O autoflagelo só vai piorar a autossabotagem. Repreender-se, se comparar aos outros e se deixar levar por pensamentos destrutivos só vai fazer você se sabotar ainda mais, diz Karen. 

Ela sugere que  você escreva seus objetivos (se possível, publique em um jornal) e se empenhe em transformar os pensamentos negativos. Quando experimentar vitórias na superação de comportamentos autossabotadores, escreva sobre eles e celebre-os.
 
Encontre a ajuda certa

Ter perdido o filho e se ver obrigada a reconstruir sua empresa fez de Karen uma pessoa mais empática, o que, consequentemente, a tornou uma coach melhor. Para alguns, a autossabotagem que se manifesta em comportamentos extremos ou destrutivos pode exigir a ajuda de um profissional de saúde. Outros  descobrem que o processo de coaching pode ajudá-los a encontrar o cerne da razão que os leva a essas atitudes.

Às vezes, você pode encontrar a ajuda que precisa em sua rede de relacionamentos. Há pessoas que o conhecem, respeitam e estão dispostas a ser honestas com você, sem medo de ferir seus sentimentos. Estes podem ser convocados para apontar suas atitudes de autossabotagem. Busque essas pessoas em sua vida e, ao encontrá-las, peça sua ajuda.

Fonte:  http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/noticia/2015/03/como-se-dar-conta-de-que-voce-esta-sabotando-sua-carreira.html