As diferenças culturais nas reuniões de trabalho
As reuniões de trabalho podem ser muito diferentes do que você está acostumado dependendo do país ou local onde ocorrem. Este é o tema do artigo de Fernando Lanzer. Confira
TEXTO: Fernando Lanzer* | FOTO: FreeImages.com e Divulgação | Adaptação web: David Pereira
As diferenças culturais nas reuniões de trabalho | FOTO: FreeImages.com
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Se você pensa que a reunião de trabalho
em um escritório é um fenômeno praticamente universal, nesse nosso
mundo globalizado, está enganado. É verdade que existem reuniões de
trabalho em toda a parte, no mundo inteiro. Todavia, a maneira como
essas reuniões acontecem é bastante distinta de uma empresa para outra,
em função das diferentes culturas organizacionais existentes, seja
dentro de um mesmo país, seja na mesma empresa multinacional. Cada
companhia e cada país tem sua cultura de reuniões própria.
As diferenças culturais nas reuniões de trabalho
É importante entender a cultura
vigente para não acabar totalmente perdido. É claro que, se sua próxima
reunião for realizada em um país que você conhece e está habituado,
você já sabe como é essa cultura de reuniões. Entretanto, se você vai
participar pela primeira vez de uma reunião em outra empresa, ou em uma
filial da sua própria companhia em outro país, é bom se preparar bem.
Você pode encontrar comportamentos inesperados, diferentes do que está
acostumado a ver no seu ambiente de trabalho.
Nas empresas que têm uma cultura organizacional do tipo “Competição”, as reuniões são voltadas para discussões alternativas de ação. Costumam ser curtas (uma hora, no máximo), democráticas (todos participam ativamente), objetivas e voltadas para resultados. Cada participante fala com um mínimo de interrupções. O clima predominante é de otimismo, embora ocorram por vezes críticas às ideias apresentadas, nunca são pessoais.
Nas empresas que têm uma cultura organizacional do tipo “Competição”, as reuniões são voltadas para discussões alternativas de ação. Costumam ser curtas (uma hora, no máximo), democráticas (todos participam ativamente), objetivas e voltadas para resultados. Cada participante fala com um mínimo de interrupções. O clima predominante é de otimismo, embora ocorram por vezes críticas às ideias apresentadas, nunca são pessoais.
O negativismo é execrado. O chefe da
equipe dirige a reunião, mantendo o foco da discussão no trabalho. Dá a
palavra a todos, um de cada vez. As pessoas competem para apresentar o
melhor desempenho, sugerindo ações, argumentando com dados e fatos. O
chefe ouve a todos e decide o que deve ser feito. Distribui tarefas com
rapidez, deixando claro quem é responsável por fazer o quê e em que
prazo os resultados devem ser apresentados. Ao final, as pessoas se
dispersam rapidamente para executar as ações combinadas.
Talvez essa descrição pareça familiar; ela corresponde ao que se lê como sendo “o ideal” na maioria dos livros de gestão. Ocorre que a cultura de competição é predominante nas organizações americanas. Estima-se que 65% dos livros de gestão são escritos e publicados por autores americanos e ingleses, que vivem em um ambiente cultural competitivo.
Já nas companhias com uma cultura organizacional do tipo “Pirâmide Social”, as reuniões seguem um roteiro diferente. Geralmente, começam atrasadas, quando o chefe chega até meia hora depois do horário combinado. Ainda que a finalidade da reunião seja discutir alternativas de ação (de acordo com a mensagem-convite), o objetivo do encontro é servir de plataforma para o chefe anunciar decisões – tomadas previamente por ele junto com seus assessores ou pessoas de confiança – e pedir apoio. Os participantes podem fazer perguntas para esclarecer alguns aspectos, mas jamais podem deixar o chefe em situação difícil. O que se espera é que todos expressem lealdade e compromisso com a execução das decisões anunciadas. As reuniões costumam ser demoradas, especialmente se o chefe gosta de falar bastante. Geralmente, duram mais de duas horas. Uma ideia nova só é discutida se o chefe sentir-se à vontade para isso. As críticas são evitadas, pois costumam ser levadas para o lado pessoal e geram ressentimentos. Frequentemente, o chefe comunica que essa ideia merece ser examinada com mais cuidado, delega à alguém o compromisso de fazer um estudo apurado e pede que promete voltar ao tema em uma próxima reunião. Na verdade, fica entendido que o estudo será apresentado ao chefe em particular e só voltará à discussão se o chefe concordar com as conclusões.
Talvez essa descrição pareça familiar; ela corresponde ao que se lê como sendo “o ideal” na maioria dos livros de gestão. Ocorre que a cultura de competição é predominante nas organizações americanas. Estima-se que 65% dos livros de gestão são escritos e publicados por autores americanos e ingleses, que vivem em um ambiente cultural competitivo.
Já nas companhias com uma cultura organizacional do tipo “Pirâmide Social”, as reuniões seguem um roteiro diferente. Geralmente, começam atrasadas, quando o chefe chega até meia hora depois do horário combinado. Ainda que a finalidade da reunião seja discutir alternativas de ação (de acordo com a mensagem-convite), o objetivo do encontro é servir de plataforma para o chefe anunciar decisões – tomadas previamente por ele junto com seus assessores ou pessoas de confiança – e pedir apoio. Os participantes podem fazer perguntas para esclarecer alguns aspectos, mas jamais podem deixar o chefe em situação difícil. O que se espera é que todos expressem lealdade e compromisso com a execução das decisões anunciadas. As reuniões costumam ser demoradas, especialmente se o chefe gosta de falar bastante. Geralmente, duram mais de duas horas. Uma ideia nova só é discutida se o chefe sentir-se à vontade para isso. As críticas são evitadas, pois costumam ser levadas para o lado pessoal e geram ressentimentos. Frequentemente, o chefe comunica que essa ideia merece ser examinada com mais cuidado, delega à alguém o compromisso de fazer um estudo apurado e pede que promete voltar ao tema em uma próxima reunião. Na verdade, fica entendido que o estudo será apresentado ao chefe em particular e só voltará à discussão se o chefe concordar com as conclusões.
Creio que não é preciso dizer que a
cultura de Pirâmide Social é muito comum nas empresas nacionais e mesmo
nas subsidiárias brasileiras de grupos estrangeiros. A filial brasileira
de uma companhia americana geralmente mistura as culturas de Competição
e de Pirâmide. A composição dessa mistura depende muito do estilo do
líder da empresa no Brasil, que pode ser mais inclinado a um tipo de
cultura ou ao outro.
Quem vem de uma cultura diferente pode estranhar bastante esses comportamentos. É preciso entender os valores que sustentam essas culturas e sua lógica. Nenhuma cultura é necessariamente melhor do que a outra. Empresas bem-sucedidas muitas vezes possuem culturas totalmente opostas entre si. O problema acontece quando as pessoas não entendem a cultura em que estão inseridas, ou quando há conflitos entre a cultura da organização e a vigente no mercado ou, ainda, entre aquela desejada pelos líderes e que realmente existe nos níveis operacionais.
A cultura afeta não apenas a maneira de conduzir reuniões, mas, também, tudo aquilo que se faz, do recrutamento de funcionários à avaliação de desempenho, da definição de metas às políticas de remuneração.
Quem vem de uma cultura diferente pode estranhar bastante esses comportamentos. É preciso entender os valores que sustentam essas culturas e sua lógica. Nenhuma cultura é necessariamente melhor do que a outra. Empresas bem-sucedidas muitas vezes possuem culturas totalmente opostas entre si. O problema acontece quando as pessoas não entendem a cultura em que estão inseridas, ou quando há conflitos entre a cultura da organização e a vigente no mercado ou, ainda, entre aquela desejada pelos líderes e que realmente existe nos níveis operacionais.
A cultura afeta não apenas a maneira de conduzir reuniões, mas, também, tudo aquilo que se faz, do recrutamento de funcionários à avaliação de desempenho, da definição de metas às políticas de remuneração.
Fonte: http://revistagestaoenegocios.uol.com.br/artigos/as-diferencas-culturais-nas-reunioes-de-trabalho/2514/
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